quarta-feira, maio 11, 2011

Epifania


Hoje sopa sem mosca e batata sem cabelo – criou coragem e pediu

segunda-feira, maio 02, 2011

Fim de verão


Definitivamente, tenho sonhado demais. São sonhos concretos, sonhos abstratos, sonhos concisos, sonhos obtusos, mas são sempre sonhos e a cada dia um novo... Cheguei ao ponto de vivê-los com a intensidade que merece qualquer outra vida... São sempre vidas e a cada dia uma nova... Quem sou eu no meio de tantos sonhos? Serei a parte real deles ou a mais imaginária?
Neste mundo moderno, tudo é tão acelerado para mim. O verão passou correndo por meus olhos: enquanto eu cochilei e li um livro, ou dez, acabaram as férias, e eu voltei ao ritmo caótico da cidade. Não serei hipócrita, quis mesmo que acabasse o marasmo da folga, da ausência de horário e o deus-dará de quem não tem compromisso algum, mas nem tão rápido assim! Aproveitei tão pouco o vento do litoral, o nascer do sol, irritantemente, calmo e belo, a areia suja no final da tarde, mas ainda assim areia, natureza, e só nisso, sempre, tem certa beleza indecifrável!
Mas acabou e o que acaba não tem volta, ou tem? Essas idéias muito cabalísticas agradam-me e muito, mas serão corretas para todos ou, simplesmente, valorações minhas?
Passou o verão, passaram amigos novos que rodopiaram minha vida e antigos que a refloresceram, passou o calor maçante e desumano, bom, na verdade o calor não passou e é ainda pior na cidade. Tudo que envolve o lado negativo do verão, na cidade, fica muito pior: o sol fica tão humano que causa mais mal, fere, deixa fraco e impede qualquer movimento pouco mais vivo do que o de abanar-se e de arrastar-se pelas ruas; ruas que cheiram mal, o calor tem disso, faz os maus cheiros mais fortes; as pessoas ficam asquerosas, caras abatidas e lustrosas, pintadas com olheiras profundas e gotículas no nariz, e no buço, e no pescoço. Porque eu reclamava mesmo do fim do verão?
O fato é que ele passou e fim.

Uma mesa de bar e The doors em um reino muito, muito distante


Sininho esperava passar da hora para chegar ao local... ficou assim pensando e assim pensando o tempo passou.

Uma noite incrível. Muita vergonha. Sorrisos exagerados. Mais vergonha. Um toque na mão. As mãos ficaram juntas. Um, dois, três toques no rosto e no cabelo. Sorrisos exagerados. Muita vergonha.

O príncipe se aproxima e surge uma questão: sininho e príncipe juntos? Sim... juntos...

Passou da meia-noite: sininho continuou sininho e o príncipe continuou príncipe. Houve a despedida: ele terminou com um "até mais" e ela com os olhos de cor indefinida brilhando: "até". Sorrisos.

Em casa Sininho ouviu um som mágico correu até a bolsa: "Adorei. Boa noite...". Ela sorriu naturalmente, respondeu e adormeceu profundamente...

No dia seguinte e nos outros, papelotes foram rabiscados e, em seguida, rasurados: Sininho, sempre tão esquiva, parecia não conseguir fugir, mas tentava.  Foi à praia sozinha, mas durante a viagem ela percebeu que mesmo longe ele estava vivo na lembrança; recorreu ao seu melhor amigo, mas era fato: estava mudo; distraiu-se de si mesma nos dias de chuva; arrumou o quarto como quem ordenava a vida; leu sem atenção os mesmos livros já lidos; deixou o corpo chorar no calor sem reação... só pensava nele...

Acontece que o príncipe era realmente especial: afastara Belas Adormecidas e olhava agora para uma personagem secundária com os olhos mais doces que podem existir e com um sorriso contagiante... ela se apaixonou por ele e não pode e não quis mais se esquivar.

E agora, José?
A única coisa a fazer é tocar um tango argentino...