domingo, abril 19, 2009

Resgate de um fluxo de inconsciência


Perdido em uma pasta antiga do meu computador... agora tornado público.

Gostaria de mudar tantas coisas... esta porcaria de solidão que agarra os meus desvalorizados pés... esta porcaria de mania de desvalorizar meus próprios pés... gostaria de mudar o mundo... de mudar meu mundo... de mudar a tua pequenês de mundo... gostaria de ter outro rosto... nem falo de um mais bonito, mas de um plenamente diferente que me fizesse ser percebida diferentemente pelo meu mundo, pelo teu mundo e por ti... gostaria de mudar o dia em que nos conhecemos a ponto de torná-lo completamente insignificante para mim e, especialmente, para ti... aquele maldito encontro casual...aquela maldita conspiração do universo... aquela inevitável convergência que me pôs em ti que te pôs em mim (para sempre?)... quando vou esquecer-te? ... quero esquecer teu rosto... quero esquecer tua voz... quero esquecer como era bom te ter ao meu lado... para esquecer tudo isto não posso esquecer justamente do que teimo em não lembrar... de como andávamos mal... mal um com o outro... tristes... infelizes... murchos... por que não lembro?... faz quantos séculos que olhei nos teus olhos e senti aquela dor... aquela dor que dava vontade de suspirar eternamente e chorar... aquela dor que me fez rezar a morte e vivê-la um pouco também... aquela dor que me fez te dizer que acabou... que não dava mais... que doía muito, mas que não podia continuar te fazendo mal... será que me tornei mais egoísta agora?.. já não penso que seria insuportável te fazer mal estando ao teu lado... será que não te faria mais mal?... será que sempre estou errada até quando acerto?... gostaria de mudar tantas coisas... e não consigo... gostaria de mudar esta porcaria de convicção de que não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada e de que, à parte isso, sou um enorme vazio desejoso...

quarta-feira, abril 01, 2009

Desabafoesó



E cansei... sim, agora – mais do que nunca – é definitivo: estou cansada. Absolutamente sem forças e sem vontade de ter forças. Quero somente deitar, dormir e só. Aliás, quero dormir sem sonhar para que nem imaginar que faço algo seja preciso. Esse cansaço não é por fazer muitas coisas ao longo dos dias, mas por querer que muitas aconteçam e, sempre, só conseguir por em prática um décimo – se isso – delas.
Putz, é uma tremenda frustração: ao final da semana olho para o calendário feito no computador em que escrevi tudo que deveria ser feito – sendo sincera: já escrevo menos do que preciso fazer para ver se, ao menos assim, consigo vencer tudo – e lá estão mil listagens que permanecerão sem risquinhos... Sabe-se lá por quanto tempo. Daí começa o segundo drama do não fazer as coisas: redistribuir as mesmas tarefas ao longo da próxima semana que se encerrara da mesma forma que a anterior: mil listagens que permanecerão sem risquinhos... Sabe-se lá por quanto tempo.
No meio de toda a angústia de nunca fazer tudo que devo e quero fazer, sempre tem os “por fora” que surgem só para angustiar mais e deixar tudo ainda mais cansativo. Aí é namorado que reclama por horário na tua vida; é amigo que tu queres visitar e não consegues; é amiga com que tu queres sair, mas os horários não fecham; é mãe que acha alguma forma de ser causa de estresse; é a cadela que late quando tentas resolver alguma questão da tua vida; é gato que deixa a roupa-preta-de-todo-o-dia cheia de pelos; é dia que não dá para almoçar direito, porque nada fica pronto na hora que precisas; etc. São todos os problemas de uma vida em uma semana e, por vezes, em um único dia.
Chego ao final de duas semanas nesse ritmo e o que consigo fazer? Apenas dizer: estou cansada. E o cansaço é tanto que melhor dizer isso para um papel que sei: não irá me perguntar nada, nem motivos, nem possíveis soluções, nem o que pretendo fazer... Absolutamente nada. Então, posso dizer só o que realmente quero e aquilo que minha mão-cansada agüentar: estou cansada.